quinta-feira, 26 de março de 2009

UM FELIZ ENCONTRO



Um Feliz Encontro



Dezoito anos, há exatamente dezoito anos eu conheci esse homem deitado ao meu lado.

Basta fechar os olhos e eu consigo relembrar exatamente o momento em que me apaixonei.

Eu estava me sentindo cansada, deprimida e sozinha.Depois de muitos contratempos, a viagem de férias que havia sido planejada para fazer com minhas amigas dera para trás.das cinco,uma a uma fora desistindo, e no final só restava eu. Disposta pela primeira vez na vida a esquecer meus medos e inseguranças,resolvi seguir em frente mesmo sem companhia. E foi na última etapa da viagen que tudo aconteceu.

Eu já havia percorrido todo o roteiro que fora traçado por nós. Enfim conheci as praias maravilhosas do Rio de Janeiro,os enmcantos do Espírito Santo e cheguei até Porto Seguro. Tudo tinha sido muito bonito. No entanto, não experimentei nem um quarto de todas as emoções que pensei que fosse sentir no começo de minha aventura. Todas as pessoas que conheci e os lugares que visitei não conseguiram diminuir a sensação de solidão que havia em meu coração, pois eu continuava sozinha, sem ninguém com quem dividir essas emoções.

Porém, quando me encontrava novamente em Vitória, prestes a tomar um ônibuns que me levaria de volta para São Paulo, resolvi empurrar o sentimento de frustação para o fundo de minha mente e me concentrar nas coisas mais práticas que exigiam munha atenção. Carregando uma enorme mochila pesada, a bolsa e mais duas sacolas, tentei me equilibrar, pois ainda teria que confirmar o horário de meu ônibuns, e com certeza não conseguiria dar mais um passo com toda aquela bagagem. Olhei ao redor para ver se encontrava alguém confiável a quem pudesse pedir para tomar conta de minhas coisas por alguns minutos enquanto fosse fazer a confirmação. Não existiam muitas opções em vista, por isso me encaminhei até onde um rapaz de apar~encia discreta__ que com certeza também voltava de uma viagem de férias __ estava sentado, concentrado em resolver palavras creuzadas de uma revista que segurava nas mãos.

__ Com licença... será que eu poderia deixar minhascoisas aqui do seu lado im minuto, só para confirmar o horário do meu ônibuns ali no balcão?


Quando ele levantou os olhos de seu tão precioso passatempo para me encarar, senti como se tivéssemos parado no tempo. Por trás dos óculos havia os olhos mais negros e profundos que eu jamais vira em toda minha vida. Expressando primeiro surpresa e depois esboçando um sorriso gentil, ele apenas concordou com a cabeça. Por alguns segundos ainda o encarei, depois um tanto quanto atrapalhada depositei minhas coisas no chão e fui confirmar minha passagem. Em nenhem minuto passou pela minha mente que aquele rapaz não fosse confiável. Nunca dei importância á intuição, mas daquela vez resolvi confiar no que dizia o meu coração, e ele batia freneticamente, como se confirmasse que eu nada deveria temer.

A incrível coincidêcia foi que Eduardo __ este é o nome dele__ também estava indo para São Paulo, e por incrível que pareça estava no mesmo õnibuns que eu. Quando enfim embarcamos para a viagem, conversávamos como se já nos conhec~essemos desde sempre. E, talvez por mais

uma manobra do destino, a poltrona ao lado dele estava vaga, e a que estava ao meu lado era ocupada por um velho ranzinza e resmungão. Então de cumum acordo nós resolvemos sentar juntos durante as catorze horas que durou nossa viagem. Nessas catorze horas conversamos, rimos,brincamos e descobrimos um mundo de coisas em comum. No fim da jornada já tinhamos um encontroo marcado, e esse encontro transformou-se em outros e outros.

Um dia, depois de algum tempo, quando recordávamos o nosso primeiro encontro, ele olhou em meus olhos e confessou que quando ouviu minha voz lá na rodoviária de vitória e levantou os olhos de sua revista e me encarou,foi como se estivesse vendo um anjo. um anjo de olhos verdes e cabelos cor de canela, e que naquele momento ele soube que havia encontrado alguém muito especial.

Hoje, olhando para trás e recordando todos esses anos que passamos juntos, todas as alegrias e as tristezas, todos os obstáculos da vida que superamos, e de nossos três filhos que são nossa maior fortuna, agradeço a Deus por ter feito aquela viagem de férias sozinha. Por que se eu estivesse acompanhada, com certeza não teria pedido um favor a um rapaz discreto e quem sabe jamais teria conhecido o homem que, apesar da barriguinha, dos cabelos meio grisalhos e da mania carinhosa de olhar com seus olhos negros e profundos e de dizer "minha flor" nos momentos mais delicados de nossa vida, foi e será meu grande amor.
este conto foi retirado das histórias de amor que vale ouro 03
da leitora: Rosâgela Henrique Barbosa
São Paulo-sp









Nenhum comentário:

Postar um comentário